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domingo, 5 de dezembro de 2010

O desafio da aceitação

:: Elisabeth Cavalcante ::

Um dos maiores equívocos que cometemos no que se refere aos relacionamentos, especialmente aos afetivos, é acreditar plenamente que vamos conseguir mudar o outro.

No começo, quando estamos tomados pela paixão, ele nos parece o ser mais perfeito e encantador do mundo. Entretanto, conforme o tempo passa e passamos a conhecê-lo melhor, vamos percebendo seus defeitos e suas limitações.
Mas, esta constatação, por ser contrária ao sonho e à fantasia que acalentamos, se torna difícil de ser aceita. Então, criamos em nós uma ilusão, a de que nosso amor será capaz de transformá-lo de maneira definitiva.

Agarramo-nos a esta crença porque ela nos é muito confortável. E, ainda que o outro nos envie sinais suficientes para percebermos que a mudança não acontecerá, insistimos em permanecer cegos, até que finalmente se torne impossível para nós suportar a realidade da desilusão.
Aí, passamos a culpá-lo por nos ter decepcionado e traído nossas esperanças. Ocorre que não podemos nem devemos esperar que alguém mude, simplesmente motivado pelo nosso desejo.

Querer que o outro se amolde ao modelo que criamos em nossa imaginação, é uma atitude irreal, que acaba sempre gerando sofrimento. Enquanto permanecemos nessa tentativa, o tempo passa e um dia percebemos quanta energia gastamos nessa tentativa vã.

Aceitar nossa própria imperfeição é o primeiro passo para que abandonemos o sonho de encontrá-la no outro. Sem isto, continuaremos presas fáceis da decepção, pois nenhum relacionamento será capaz de preencher nossas expectativas.

" .... Pequenas coisas são suficientes para criar barreiras, e estamos todos vivendo com as nossas defesas, de modo que os outros não podem saber exatamente o que nós somos. Nós lhes permitimos conhecer apenas aquela parte do nosso ser que é aceitável a eles. Esse é um dos fundamentos da nossa miséria.
As pessoas são diferentes e nós deveríamos nos alegrar e regozijar em suas diferenças, em suas variedades. Seu julgamento não vai mudar ninguém; talvez seu julgamento possa criar uma teimosia na outra pessoa em não mudar. Quem é você para mudar a pessoa?

Esses são os segredos da vida. Se você aceita alguém com totalidade, ele começa a mudar, porque você lhe dá total liberdade de ele ser ele mesmo. E a pessoa que lhe dá total liberdade de você ser você mesmo... - você gostaria que aquela pessoa fosse feliz; no que lhe diz respeito, ele lhe deu a dignidade e a honra de aceitá-lo.

É muito natural que, se você vê algo em você que não está certo - embora a outra pessoa o aceite como você é - você deseje ser até melhor, por causa dela; ser mais meigo, mais amoroso, mais delicado por causa dela.

Eu o aceito como você é. Eu não tenho nenhuma expectativa sobre você - eu não quero que você seja modelado dentro de uma certa idéia, dentro de um certo ideal. Não quero fazer de você uma estátua morta. Quero que você fique vivo, mais vivo... e você pode ser vivo somente se a sua totalidade for aceita - não apenas aceita, mas respeitada....".
OSHO - O Esplendor Oculto.

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